O tema de hoje é: “Relacionamentos como pontes”. Onde eu quero chegar com isso? Bom, é simples: imagine que você esteja precisando ir para uma outra cidade. Lá você encontra muita coisa boa, que nem imaginava existir por lá. Algo nesta cidade te alegra muito. Você deseja ir até lá. Mas, no meio do caminho existe um grande penhasco que separa você deste lugar. Lembrando que você não sabe voar, não possui qualquer ferramenta que te auxilie na chegada desse destino. O que mais você precisaria para ir até lá? Uma ponte, correto? Então imagine que exista uma ponte. Pessoas a utilizam para ir e vir. Caminhões e carros transitam por ela, levando suas mercadorias. Ela conectou dois destinos, e agora eles conseguem se intercomunicar. Qual é a ideia da ponte então? Ela é uma conexão. Ela liga dois pontos, e agora recebem de maneira recíproca/mútua o que cada ponto tem para oferecer. As pessoas ao seu redor são como estes pontos/estas cidades.
Cada um de nós temos algo para oferecer ao outro. As pontes são meramente, o que nos liga, nos conecta a elas. O que exatamente a gente transporta por estas pontes? Bem! Em se tratando de seres humanos, a gente faz uma troca constante de: conteúdos psicológicos (percepção, sensações, sentimentos, emoções, motivação, etc.); palavras e comportamentos, E tudo isso se torna importante para nossa compreensão acerca da comunicação em nossas relações. Em resumo, as pontes podem ser descritas como comunicações.
A gente comunica algo o tempo todo, até mesmo alguns stories no Instagram de uma xícara de café podem falar muito sobre você. E isso me faz pensar em alguns pontos importantes: Primeiro — Você pode escolher com quem criar suas pontes: Sei que neste mundo globalizado, e com o advento da internet, fechar pontes pode ser visto como uma utopia, ou até um retrocesso. Mas me entenda por favor. As fronteiras são necessárias. Elas nos impedem de experimentar a perda da nossa identidade. Falando de maneira psicológica e mais clara, pessoas que não fortalecem suas fronteiras, não sabem quem são e procuram ser todos com quem possuem algum vínculo de admiração. Exatamente por não reconhecerem e aceitarem suas diferenças. E as distinções são importantes, pois há poder na diversidade.
Quando digo que você pode escolher com quem criar pontes, antes de tudo, você precisa ser saudável em conhecer a si mesmo. Saber o que você tem a oferecer nesta relação para não se perder naquilo que é do outro. Vou dar um exemplo mais claro: pessoas dependentes são mais propensas a viver um relacionamento abusivo, justamente por não conseguirem identificar aquilo que as diferencia no outro.
Devido ao medo de perder o vínculo, suportam agressões e manipulações. Sua ponte não possui fronteiras e portanto, entrega muito de si e recebe muito lixo emocional por parte do outro. Existem relacionamentos melhores, pessoas melhores para se criar pontes. Se você não consegue encontrá-las, é bem possível que você não saiba o que deseja encontrar. É necessário desenvolver seu autoconhecimento para aprender a valorizar o que você tem a oferecer e deseja receber. Segundo — Você pode escolher o que será transportado por esta ponte: Continuando o raciocínio do primeiro ponto, nós somos os responsáveis pelo que recebemos dos outros.
É óbvio, que estou me referindo a pessoas adultas/maduras/saudáveis que conseguem discernir o que é bom. Pessoas não vulneráveis, isto é, com fronteiras fortes, sabem discernir/assimilar o que estão recebendo de conteúdo emocional (carga). Funciona como uma fiscalização de alfândega. Elas poderão dizer sim ou não para qualquer tipo de atitude, palavra, ideologia que surgir na relação. Por isso é importante o autoconhecimento, pois ele te empodera e te faz capaz de decidir e se responsabilizar pelas escolhas feitas.
Você pode escolher receber o que considera ser bom, aquilo que nutre seu cognitivo, seus sentimentos e emoções, o que te motiva e te desafia a sair da zona de conforto para enfrentar a vida e atingir seus objetivos. Para isto você precisa ter delimitado o que irá passar pela ponte da relação. Terceiro — Você pode escolher o que vai entregar e qual o destino que deseja chegar: Como a relação é de troca, ao mesmo tempo em que recebemos, também projetamos e entregamos conteúdo do nosso mundo psicológico para os outros. Esses produtos também são transportados por estas pontes. Pessoas imaturas acabam projetando péssimos produtos de si numa relação.
Elas costumam enxergar as relações ao seu redor de maneira míope, tirando conclusões precipitadas e sendo envergonhadas ao dar suas bolas foras. O ser humano é uma caixinha de surpresas. Por isso, enfatizo muito a questão do autoconhecimento. Ele é quem te dará as ferramentas para saber identificar o que é saudável em você e no outro. Uma sugestão que dou, é que busque o máximo deste conhecimento, porque consequentemente, você oferecerá algo que traga admiração às pessoas com quem construiu suas pontes. E quando isto acontecer, é bem possível que estas pontes te levem ao destino que você sonhou, ao cumprimento dos seus objetivos de vida.
É impossível pensar que resultados são alcançados de maneira individual. Mas nós somos seres relacionais. Minha pergunta para você é: o que você está disposto a oferecer para influenciar outras pessoas a serem melhores? O que você pode transportar nestas pontes que você já construiu, que poderá transformar sua vida e a de outros? Pense sobre isso, e espero que você aprenda a fazer boas trocas com pessoas saudáveis, que irão nutrir você com um alimento emocional capaz de satisfazê-lo e torná-lo alguém que cresce continuamente. Um grande abraço.
Daniel M. Zane
Psicólogo
CRP 08/22898