erros.jpg

 

"Sou a fonte do meu próprio sofrimento"

 

Até nos parece bizarro pensar que somos  nós os responsáveis por causar grande  parte das nossas dores. É estranho, uma vez  que, admitir esse princípio, é também,  reconhecer nossa cegueira ignorante e  insensata atitude de desferir golpes contra  si mesmo. Mas, por mais bizarro que seja, é  verdade que erramos muito durante nossa  existência, e que isso nos traz  consequências marcantes que nos geram  incômodos. 

 

Erros e consequências

Impossível encontrarmos alguém que  nunca tenha errado na vida. Não mesmo!  Pessoas erram, nós erramos, pois  desconhecemos um futuro de  consequências das escolhas que tomamos.  Talvez o maior poder que o homem poderia  ter, seria a capacidade de enxergar e  conhecer o futuro. No entanto, aqui já se  caracteriza nossa grande fragilidade.  Ninguém é capaz disso.

Jean Paul Sartre, e outros filósofos  existencialistas, afirmavam que o ser  humano é angústia pois está fadado às  escolhas. O que nos leva a pensar acerca da  liberdade. Somos livres quando podemos  escolher o que queremos. No entanto, não  somos livres de seus resultados. Parece-nos  algo como causa-efeito. Uns diriam que é a  lei do retorno, outros a lei da semeadura  onde tudo que se planta, é o que se colhe.

 

A verdade é que somos escravos das nossas  próprias escolhas, e portanto, é inevitável.  Mas como escolher diante da incerteza?  Qual é a melhor escolha? Nunca saberemos  a resposta disto. Podemos imaginar,  confabular, mas nunca afirmar com  exatidão.

 

Imaturidade = Impulsividade

Além da incerteza, uma outra razão de  sermos fontes de sofrimento pessoal é a  nossa impulsividade. Ela vem como disfarce  da nossa ansiedade de ser gratificado por  algo do futuro. Mas quando nós a  desnudamos, fica nítida a personagem  imatura que somos.

Ser impulsivo é agir sem refletir e ponderar  prós e contras. É pular de um penhasco,  com vendas nos olhos, na expectativa de  que o resultado seja uma diversão segura,  onde uma corda imaginária nos impedirá de  cair e perder a vida. Ser impulsivo é viver a  vida ignorantemente. 

 

Existem personalidades impulsivas, mas sua  maior raiz está na falta do desenvolvimento  pessoal: emocional e cognitivo. Agimos pelo  impulso do desejo. Mas nunca refleti sobre  ele. O imaturo se coloca em situações  perigosas, sem a malícia cautelar de que  essas situações de risco, trarão más  consequências para a vida. Imatura vs experiente

Ao mesmo tempo, a imaturidade pode ser  revertida com um pouco de disposição para  aprender. Ser alguém experiente, significa  que experimentamos situações, sabores e  dissabores, que descobrimos serem bons  ou não. O experiente sabe dizer que um  passo mal dado causará sua ruína, e quais  caminhos já percorridos ele deverá evitar  no futuro. A experiência ensina que toda  escolha tem seu risco, porém, somos  capazes de imaginar e ponderar quais riscos  são menores.

 

Reconhecimento do erro

Humildade não tem nada a ver com falta de  recursos materiais. Humildade é o  reconhecimento das incapacidades e a  aceitação delas. Reconhecer nossa própria  fonte de sofrimento, é aprender com ela. É  aceitar que nossa fantasia narcísica é um  retrato da nossa imaturidade.

 

O erro revela o ponto em que nos perdemos  na estrada, e o seu reconhecimento é a  capacidade de dar um significado diferente  para a continuidade do caminho. Aprenda a  ser humilde, para que a fonte dentro de  você jorre águas límpidas e potáveis. Para  que sua retroalimentação seja purificada, e  você seja nutrido do que é bom.

 

Possibilidade do aprendizado

Identificar o ponto em que erramos nos  coloca de encontro com duas escolhas: nos  culpar pelo erro, ou, aprender a resolver de  outra maneira. Todo erro traz a  possibilidade do acerto e da correção. Essa  é a beleza da coisa. Por mais grotesco que  tenha sido, você pode tentar fazer diferente. Óbvio que me refiro a erros não  letais que nos levariam à morte.

 

Mas o ser humano tem essa capacidade, ele  aprende. Quem não aprende com as  escolhas erradas, é porque está cego pelo  próprio orgulho. Já tratamos disso quando  falamos sobre impulsividade. Você não  precisa se martirizar, se culpar e condenar.  Você pode tentar novamente. Mas talvez,  se torturar seja mais confortável do que ter  a iniciativa de mudar, não é?

Acredito que esta é a melhor oportunidade  para você fazer uma escolha assertiva.  Pense diferente, haja diferente, seja  diferente. Aprenda a reconhecer seus erros,  reconheça-os como uma oportunidade de  fazer diferente e viver uma vida mais leve.

 

Daniel M. Zane

Psicólogo - CRP 08/22898